sábado, 2 de julho de 2011


Depois de muito tempo ele está vazio, assim que terminar a reforma permitirei um novo inquilino, o melhor mesmo seria doá-lo, transferir a posse com escritura lavrada em cartório e tudo o mais. Mas não vai ser assim, pra qualquer um, nem mesmo visitação eu vou deixar, pois poderão danificar os novos acabamentos que estou inserindo com tanta dedicação.
Na verdade nunca havia ficado disponível por tanto tempo, saía um entrava outro, sem contar que teve uma vez que coabitaram sem saber por um breve tempo. Já passaram tantos por aqui, alguns foram marcantes deixando marcas não muito agradáveis, outros insistiam em não se instalar e ficavam numa ida e volta sem fim. Teve quem transformou cômodos frios em recantos aconchegantes, outros deixaram novas cores e muitas alegrias na memória. Alguns mexeram na estrutura e conseguiram fazer ampliações, e a estes eu agradeço. Outros deixaram um estrago enorme, e o conserto custou caro.
Um disse que veio pra ficar, mas eu sabia que mentia, pois nunca trouxe as malas. Outro só dava uma passadinha nas segundas feiras e outro veio de muito longe, mas não pôde ficar.
Um verniz sobre as marcas será bom, pois assim não irá apagá-las de vez, afinal é importante que se saiba onde estão e porque estão, e também não ficarão tão visíveis para não constranger o novo morador. Ah o novo morador, sei que ele vai chegar, assim de uma hora pra outra. Sei que vai trazer bagagens e novos costumes, mas estarei pronta para recebê-lo, para aceitá-lo, para acolhê-lo e farei tudo com muita ternura, para que se sinta bem. Está ficando muito bonito, amplo, suave e com a chegada dele terá sons, cores, aromas e muita vida.
Não tenha pressa, mas quando vier venha para ser verdadeiro.

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